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Falta


Desde que você entrou eu sinto uma falta. Uma inquietação insistente. Uma satisfação quase impossível. É como se algum pedaço meu tivesse sido roubado. Lhe imploro eu, que me devolva. Devolva os neurônios que outrora pensavam em futuros próximos. A pele acostumada a sentir toque de pessoas sem afeto e sem alma nos abraços. Os ouvidos que ouviam melodias fora de tom, porém suportáveis. E os olhos, que enxergavam fantoches cercados de ambição, rotina, cansaço e capitalismo. Sinto a falta dos neurônios, pele, ouvidos e olhos, que agora, não são mais como antes. Os neurônios queimam de pensar em ti. A pele rejeita qualquer toque que não seja o teu. Os ouvidos se fecham pra qualquer melodia que não seja a tua voz. E os olhos se perdem em olhares alheios quando não encontram os teus.

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